terça-feira, 6 de fevereiro de 2018


Santa Maria, 28 de agosto de 2017

Oi!

A gente ficou um tempo sem se falar né? Te dizer um simples oi já me provoca náusea, tontura, febre, coceira e tudo mais Meu corpo entra em colapso. Isso que nem tô na tua frente, olhando pros teus olhos tão intensos. Aqueles olhos que - quando eu abria a porta de casa - me devoravam. Como eu sinto falta disso!

Gostaria de te falar tanta coisa. A primeira delas é que queria ter dito essas coisas muito antes, mas nunca tive coragem. Queria dizer que quando a gente começou a ficar eu gostava da situação, mas achava que era só mais um carinha na minha vida de solteira. Depois, gostei do lance de a gente ficar escondido. Era o máximo enganar todo mundo e deixar pra trocar uns beijos no meio da rua. E lógico, que era coisa de química também (acho que nem preciso falar disso né?!).

Mas eu achava que a nossa relação acabava aí: conversa boa, companhia boa, sem cobrança. Para quê conversar sobre relacionamento se estava bom daquele jeito? Não fazia o menor sentido eu te cobrar qualquer coisa, nem uma explicação, se tava tudo indo bem e se tu estava por perto sempre que eu queria.

Daí começou uma vontade de não desgrudar mais e tu foi para Porto Alegre. Eu não sei como, mas consegui segurar o choro até um átimo de segundo depois que tu saiu da minha casa, da tua última noite morando em Santa Maria. A porta fechou e eu chorei. Na época achei que a vontade de chorar era porque eu sentiria saudade (e porque sou muito chorona). E aí era como se eu finalmente aceitasse o óbvio. Eu gostava de ti. Eu estava envolvida e não seria fácil parar de pensar em ti. Talvez tenha chorado porque de alguma forma tomei consciência que ali terminava o que a gente tinha, uma relação louca que até hoje não sei exatamente como definir.

Me senti forte e decidida a terminar com tudo aquilo, seguir em frente. Diálogo sobre "nós" nunca foi o ponto forte dessa relação engraçada. Então para quê conversar? Por que eu terminaria algo que eu nem sabia o que era? Sumi. Não sei se tu percebeu, mas eu decidi não te ver mais. A promessa durou um tempo, mas logo eu estava abrindo a porta, de novo, toda ansiosa. E tu estava lá, com teus olhos verdes e intensos.

A verdade é que desde que a gente começou a ficar eu gosto de ti, embora não tenha percebido isso desde o começo. A verdade é que eu sempre soube que tu tinha a tua vida traçada eu estava fora dela. Mas era tão fácil esquecer isso quando a gente tava perto. Eu queria acreditar que tu gostava de mim e isso era o que importava. E quando eu, raramente, lembrava que não fazia parte da tua vida,  doía. Doía saber que eu era qualquer aventura, doía saber que eu não cheguei a ser nem uma opção. Doía pensar o que eu poderia ouvir de ti se algum dia questionasse qualquer coisa.

E eu sou assim, afasto as pessoas. Não sei explicar para elas o que acontece, apenas afasto como se fosse a solução mais adequada. Me afastei de ti, me afastei de coisas que eu senti. Como se fosse possível ignorar o tempo inteiro. Mas a verdade é que pensei muito em ti,até o dia de hoje. Que desejei, sabe lá quantas vezes, ler uma mensagem tua dizendo "tô indo em 10 minutos", como era antes. Fantasiei tu me procurando e dizendo que morreu de saudade. Que a gente voltaria a ter um tempo a sós. Que boba eu fui. Sofri mais.

Eu não consegui ser tão sucinta como queria ter sido e cada palavra escrita aqui doeu um pouquinho. Queria escrever para dizer que gosto de ti, mas estou disposta a seguir te deixar no passado. E que precisava te dizer, tudo que eu não disse um tempo atrás, para poder seguir em frente.

Quero que seja feliz e não guarde mágoas de mim. Talvez eu tenha sido imatura, egoísta, iludida, boba. Não sei exatamente. Mas o porquê tá aí.

Nenhum comentário:

Postar um comentário