Só para dizer...
Desde ontem penso em ti. Ou desde um dia antes. Desde que eu soube da possibilidade de ir naquele lugar, pensei em ti. Eu sabia que a chance de tu estar lá era mínima, mas meus olhos ficaram atentos a qualquer possibilidade.
Meu pensamento se dividiu, quase como razão e emoção. Ora eu pensava "puta merda, não me livro desse sentimento!". Ora eu me pegava sorrindo só de imaginar tu ali, na minha frente. Eu não te vi, o que me deixou aliviada. Depois, consegui compreender um pouco o que eu sentia: era uma lembrança boa, um pouco mais serena e madura do que qualquer outra vez em que tu habitou minha mente.
Não vou dizer que a saudade não bateu: eu senti tua falta. Se eu tivesse uma carta coringa para gente ficar junto, como antigamente, só por uma noite, eu certamente teria usado. Nossa! Como eu te queria aqui perto. Queria te contar tudo que eu vi, e tu ia fazer os teus comentários inteligentes e dar risada no final. Nos divertiríamos com a nossa conversa, com aquele assunto de sempre.
Teve um momento, de tudo que eu passei nesse dia, que fez tu estar presente que eu fotografei a cena na minha cabeça. Respirei fundo e sorri. Entendi que a saudade apertada dividia espaço com uma paz. Fiquei feliz e grata por ter compartilhado um pouco da minha vida contigo no passado. Mas ontem e hoje, queria só tu do meu lado. Sim, eu tenho vivido a vida e finalmente consegui abrir espaço para outras pessoas. Mas ontem eu só queria a tua presença, e a de ninguém mais.
Na minha imaginação, eu te contei tudo que eu queria que tu soubesse, como mais um dia daqueles de quando ficávamos juntos. Agora tô aqui, matutando se falo contigo ou deixo passar e deixo essa lembrança bonita só para mim.
Deixo passar. Até quando, não sei.
quarta-feira, 21 de março de 2018
terça-feira, 6 de fevereiro de 2018
Santa Maria, 28 de agosto de 2017
Oi!
A gente ficou um tempo sem se falar né? Te dizer um simples oi já me provoca náusea, tontura, febre, coceira e tudo mais Meu corpo entra em colapso. Isso que nem tô na tua frente, olhando pros teus olhos tão intensos. Aqueles olhos que - quando eu abria a porta de casa - me devoravam. Como eu sinto falta disso!
Gostaria de te falar tanta coisa. A primeira delas é que queria ter dito essas coisas muito antes, mas nunca tive coragem. Queria dizer que quando a gente começou a ficar eu gostava da situação, mas achava que era só mais um carinha na minha vida de solteira. Depois, gostei do lance de a gente ficar escondido. Era o máximo enganar todo mundo e deixar pra trocar uns beijos no meio da rua. E lógico, que era coisa de química também (acho que nem preciso falar disso né?!).
Mas eu achava que a nossa relação acabava aí: conversa boa, companhia boa, sem cobrança. Para quê conversar sobre relacionamento se estava bom daquele jeito? Não fazia o menor sentido eu te cobrar qualquer coisa, nem uma explicação, se tava tudo indo bem e se tu estava por perto sempre que eu queria.
Daí começou uma vontade de não desgrudar mais e tu foi para Porto Alegre. Eu não sei como, mas consegui segurar o choro até um átimo de segundo depois que tu saiu da minha casa, da tua última noite morando em Santa Maria. A porta fechou e eu chorei. Na época achei que a vontade de chorar era porque eu sentiria saudade (e porque sou muito chorona). E aí era como se eu finalmente aceitasse o óbvio. Eu gostava de ti. Eu estava envolvida e não seria fácil parar de pensar em ti. Talvez tenha chorado porque de alguma forma tomei consciência que ali terminava o que a gente tinha, uma relação louca que até hoje não sei exatamente como definir.
Me senti forte e decidida a terminar com tudo aquilo, seguir em frente. Diálogo sobre "nós" nunca foi o ponto forte dessa relação engraçada. Então para quê conversar? Por que eu terminaria algo que eu nem sabia o que era? Sumi. Não sei se tu percebeu, mas eu decidi não te ver mais. A promessa durou um tempo, mas logo eu estava abrindo a porta, de novo, toda ansiosa. E tu estava lá, com teus olhos verdes e intensos.
A verdade é que desde que a gente começou a ficar eu gosto de ti, embora não tenha percebido isso desde o começo. A verdade é que eu sempre soube que tu tinha a tua vida traçada eu estava fora dela. Mas era tão fácil esquecer isso quando a gente tava perto. Eu queria acreditar que tu gostava de mim e isso era o que importava. E quando eu, raramente, lembrava que não fazia parte da tua vida, doía. Doía saber que eu era qualquer aventura, doía saber que eu não cheguei a ser nem uma opção. Doía pensar o que eu poderia ouvir de ti se algum dia questionasse qualquer coisa.
E eu sou assim, afasto as pessoas. Não sei explicar para elas o que acontece, apenas afasto como se fosse a solução mais adequada. Me afastei de ti, me afastei de coisas que eu senti. Como se fosse possível ignorar o tempo inteiro. Mas a verdade é que pensei muito em ti,até o dia de hoje. Que desejei, sabe lá quantas vezes, ler uma mensagem tua dizendo "tô indo em 10 minutos", como era antes. Fantasiei tu me procurando e dizendo que morreu de saudade. Que a gente voltaria a ter um tempo a sós. Que boba eu fui. Sofri mais.
Eu não consegui ser tão sucinta como queria ter sido e cada palavra escrita aqui doeu um pouquinho. Queria escrever para dizer que gosto de ti, mas estou disposta a seguir te deixar no passado. E que precisava te dizer, tudo que eu não disse um tempo atrás, para poder seguir em frente.
Quero que seja feliz e não guarde mágoas de mim. Talvez eu tenha sido imatura, egoísta, iludida, boba. Não sei exatamente. Mas o porquê tá aí.
Fico me perguntando que receita eu seguia, qual mantra me guiava ou qual era a minha filosofia de vida de alguns anos atrás. Tem alguma coisa, que já foi parte de mim, que eu perdi e não sei quando foi. Será que foi o juízo? Ou o amor próprio? Será que eu tinha uma régua mental que mede o absurdo de cada situação?
Será que foi no Macondo, quando a gente fez uma competição de quem bebia mais e ficou louco a noite inteira? Ou naquele carnaval que a gente fez tudo o que tem direito? Ou será que essa coisa se perdeu nas noites sem dormir colocando o TCC em dia? Ou na lista infinita de tarefas que a gente sempre esquece de alguma coisa?
Antes eu era diferente. Tinha coisas que me faziam sofrer, mas eu conseguia superar. Era como se com o tempo a realidade tomasse conta da ilusão. Como se o encanto tivesse prazo para terminar. Às vezes a gente até se deixava machucar com o que esperava de alguém. Mas logo passava.
Aí começou uma longa história, muito difícil de explicar. Quando ele apareceu, achei que não ia chegar nem nesse ponto do "vai passar". Na verdade, nem sei o que passou pela minha cabeça quando deixei ele me beijar da primeira vez. Se a minha vida fosse uma série, nesse momento teria uma trilha sonora de suspense ou letreiro escrito "continua" no final do episódio. Os espectadores, de cara, saberiam: "iiih, vai longe".
"Nunca mais", decidi. Tomei distância. Literalmente. Não deixei ele chegar perto de mim. Eu via ele de um lado, corria para outro. E assim foi durante alguns dias, um mês ou dois.
E a cena que merecia um letreiro se repetiu nos capítulos seguintes. Pelo visto, os fãs imploraram por mais: durou muitas temporadas. Ia e voltava, igual a novela das 8, quando tá quase tudo desvendado: o heroi casou com a mocinha, o vilão tá preso, eo filho descobriu quem era seu pai biológico. Mas tem um mês pra acabar o folhetim daí começa a enrolação.
Só que o último episódio não chega. Não para mim. Talvez o roteirista tenha esquecido de me passar o texto do grand finale. Parece que todos terminaram a história e hoje aparecem em outras produções, em outras emissoras. Menos eu.
Vem cá, hein?! Como será que eu fazia pra dar conta disso antes? Como eu tirei de letra tantas vezes e estou enlouquecendo nessa?
Fico amaldiçoando aquela noite, aquele olhar que me devorou, aquele beijo, aquela saída, aquele amigo que me fez sair, aquele casaco azul que eu estava vestindo, aquele dia que ele me deu oi pela primeira vez, a primeira vez que eu troquei uma mensagem com ele, qualquer coisa que desencadeou todo esse drama mexicano.
O lado bom do meu currículo é que sei atuar bem. Que tá tudo bem, que nunca doeu e se bobear faço até aquela cara de 'faça o favor!''. Mas só por fora. Por dentro tá uma bagunça: filme do Tarantino ia parecer água com açúcar perto disso aqui.
***
O que será que me dá
Que me queima por dentro, será que me dá
Que me perturba o sono, será que me dá
Que todos os tremores me vêm agitar
Que todos os ardores me vêm atiçar
Que todos os suores me vêm encharcar
Que todos os meus nervos estão a rogar
Que todos os meus órgãos estão a clamar
E uma aflição medonha me faz implorar
O que não tem vergonha, nem nunca terá
O que não tem governo, nem nunca terá
O que não tem juízo
Será que foi no Macondo, quando a gente fez uma competição de quem bebia mais e ficou louco a noite inteira? Ou naquele carnaval que a gente fez tudo o que tem direito? Ou será que essa coisa se perdeu nas noites sem dormir colocando o TCC em dia? Ou na lista infinita de tarefas que a gente sempre esquece de alguma coisa?
Antes eu era diferente. Tinha coisas que me faziam sofrer, mas eu conseguia superar. Era como se com o tempo a realidade tomasse conta da ilusão. Como se o encanto tivesse prazo para terminar. Às vezes a gente até se deixava machucar com o que esperava de alguém. Mas logo passava.
Aí começou uma longa história, muito difícil de explicar. Quando ele apareceu, achei que não ia chegar nem nesse ponto do "vai passar". Na verdade, nem sei o que passou pela minha cabeça quando deixei ele me beijar da primeira vez. Se a minha vida fosse uma série, nesse momento teria uma trilha sonora de suspense ou letreiro escrito "continua" no final do episódio. Os espectadores, de cara, saberiam: "iiih, vai longe".
"Nunca mais", decidi. Tomei distância. Literalmente. Não deixei ele chegar perto de mim. Eu via ele de um lado, corria para outro. E assim foi durante alguns dias, um mês ou dois.
E a cena que merecia um letreiro se repetiu nos capítulos seguintes. Pelo visto, os fãs imploraram por mais: durou muitas temporadas. Ia e voltava, igual a novela das 8, quando tá quase tudo desvendado: o heroi casou com a mocinha, o vilão tá preso, eo filho descobriu quem era seu pai biológico. Mas tem um mês pra acabar o folhetim daí começa a enrolação.
Só que o último episódio não chega. Não para mim. Talvez o roteirista tenha esquecido de me passar o texto do grand finale. Parece que todos terminaram a história e hoje aparecem em outras produções, em outras emissoras. Menos eu.
Vem cá, hein?! Como será que eu fazia pra dar conta disso antes? Como eu tirei de letra tantas vezes e estou enlouquecendo nessa?
Fico amaldiçoando aquela noite, aquele olhar que me devorou, aquele beijo, aquela saída, aquele amigo que me fez sair, aquele casaco azul que eu estava vestindo, aquele dia que ele me deu oi pela primeira vez, a primeira vez que eu troquei uma mensagem com ele, qualquer coisa que desencadeou todo esse drama mexicano.
O lado bom do meu currículo é que sei atuar bem. Que tá tudo bem, que nunca doeu e se bobear faço até aquela cara de 'faça o favor!''. Mas só por fora. Por dentro tá uma bagunça: filme do Tarantino ia parecer água com açúcar perto disso aqui.
***
O que será que me dá
Que me queima por dentro, será que me dá
Que me perturba o sono, será que me dá
Que todos os tremores me vêm agitar
Que todos os ardores me vêm atiçar
Que todos os suores me vêm encharcar
Que todos os meus nervos estão a rogar
Que todos os meus órgãos estão a clamar
E uma aflição medonha me faz implorar
O que não tem vergonha, nem nunca terá
O que não tem governo, nem nunca terá
O que não tem juízo
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